Durante a Idade Média e o Renascimento houve uma forte ênfase no aspecto ritual da Celebração Cristã. A Missa era proferida em Latim, uma língua não acessível a todos e, consequentemente, a música sacra era também escrita nesse idioma. Inicialmente, a Música Sacra Ocidental baseava-se ao Canto Gregoriano, ligado à arquitectura gótica, que criavam uma relação misteriosa com Deus. A própria construção melódica do Canto Gregoriano, com uma limitada extensão, recitação e ondulação, contribuía para um efeito hipnótico no Ritual.
No início do século XVII, a Música Sacra foi marcada por profundas evoluções técnicas, principalmente na construção. A atenção dos compositores voltou-se, então, para a voz humana, acompanhada de uma instrumentação que realçasse a intensidade das palavras. Aparece, então, o Baixo-Contínuo na Música Sacra que era feito por um ou vários instrumentos, responsáveis pela sustentação harmónica da obra, enquanto a voz humana e os instrumentos mais agudos faziam as melodias principais. Dada a sua importância estrutural (tocava em toda a obra), o Baixo-Contínuo geralmente comandava toda a execução e era, normalmente, interpretado pelos músicos mais importantes, como os mestres de capela, os regentes e os organistas compositores (ainda hoje, nos conjuntos instrumentais da época, o maestro está sentado ao Cravo). Se a Arte Barroca procurava representar o Homem, a Música Sacra Barroca representava as suas ansiedades. Por isso, exaltava-se a tradição textual da Bíblia e também nos géneros textuais específicos – Te Deum, Magnificat, Antífona, Sequência, Vésperas, Motetos Sacros – construindo melodias e obras completas que teatralizassem estes mesmos textos.
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